Quando o assunto é renda fixa no Brasil, três siglas aparecem com frequência: CDB, LCI e LCA. A primeira, CDB (Certificado de Depósito Bancário) é emitida por bancos para captar recursos e remunerar o investidor. Já as LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) são títulos que também captam recursos – um para o setor imobiliário e outro para o agronegócio – e trazem um diferencial importante: são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas. Entender essas diferenças é o primeiro passo para decidir qual opção pode render mais para você.

Um dos pontos decisivos na comparação entre CDB, LCI e LCA é a tributação. No caso do CDB, o ganho está sujeito à tabela regressiva do Imposto de Renda: até 22,5% para aplicações de até 6 meses, 20% para 6-12 meses, 17,5% para 12-24 meses e 15% acima de 24 meses.
Por outro lado, as LCI e LCA são isentas de IR para pessoa física.
Isso significa que um CDB pode até oferecer taxa nominal maior (por exemplo “110% do CDI”), mas após o desconto de imposto pode render menos líquido que uma LCI ou LCA com taxa menor. É por isso que a análise de rentabilidade líquida (já considerando impostos) é fundamental.
Para vermos o que rende mais na prática, vamos olhar simulações atualizadas:
Um estudo comparou R$ 50.000 investidos em CDB pagando 100% do CDI e em LCI/LCA pagando 85% do CDI (considerando a isenção de IR). Em 1 ano, a LCI/LCA teve melhor desempenho (aproximadamente R$ 6.359 de lucro líquido) frente ao CDB (~R$ 6.172) por causa da tributação do CDB.
Em 2 anos, no entanto, o CDB vence: o rendimento líquido do CDB (~R$ 13.608) supera o da LCI/LCA (~R$ 13.467) porque a alíquota de IR para CDB cai com o tempo e, com prazo maior, a vantagem da isenção da LCI/LCA reduz.
Esses números mostram que prazo, percentual sobre o CDI e taxa de imposto fazem toda a diferença na comparação entre CDB, LCI ou LCA.
Outra variável essencial: liquidez e prazo de vencimento. Algumas emissões de CDB permitem liquidez diária (você resgata antes do vencimento), o que pode ser interessante para recursos que você pode precisar no curto prazo.
Já muitas LCI e LCA exigem permanecer até o vencimento ou têm prazos mínimos, o que limita o acesso ao dinheiro antes do tempo. Isso significa que se precisar usar o recurso, talvez o CDB seja mais flexível. Esse fator também interfere nessa decisão de qual rende mais quando se considera o uso real do dinheiro.
Quanto ao risco, todos os três instrumentos são considerados de baixo risco, mas não são iguais. Um aspecto que ajuda bastante é que CDBs, LCIs e LCAs contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, o que mitiga o risco de crédito do emissor.
Porém, é importante observar o emissor: bancos menores podem exigir taxas maiores para atrair investimento, o que pode indicar risco mais elevado. Verifique também a instituição e se há liquidez ou exigência de permanência.
Então, quando uma opção rende mais que a outra? Aqui vai um resumo:
Se você está investindo por curto prazo (até 1 ano) e encontra uma LCI ou LCA pagando próximo ou igual ao CDI, provavelmente a isenção de IR dará vantagem para a LCI/LCA.
Se você planeja prazo maior (2 anos ou mais) e o CDB tem uma taxa significativa acima do CDI, ele pode superar a LCI/LCA líquida.
Se o CDB oferecer remuneração muito acima do CDI, ele ganha vantagem mesmo com imposto. Já uma LCI/LCA com taxa muito baixa provavelmente fica atrás.
Deve-se levar em conta também liquidez, necessidade de resgate, perfil de investimento e se você prefere evitar imposto ou prefere maior taxa mesmo com imposto
Para escolher entre CDB, LCI ou LCA, siga estes passos práticos:
Verifique a taxa oferecida (por exemplo “% do CDI” ou “% prefixado”).
Compare o rendimento líquido, ou seja, já descontando imposto (especialmente para CDB). Use simuladores ou a fórmula apropriada.
Observe o prazo mínimo e a liquidez: se precisa do dinheiro antes, prefira algo com liquidez ou vencimento curto.
Verifique a garantia da instituição emissora e se está abaixo do limite do FGC.
Analise seu perfil e objetivo: reserva de emergência? Investimento de longo prazo? Quanto risco aceita?
Considere mudanças futuras na tributação — por exemplo, há propostas de alteração para isenção de LCI/LCA a partir de 2026, o que pode afetar a vantagem atual.
Seguindo esses passos você estará melhor preparado para decidir qual opção rende mais para você.
Escolher entre CDB, LCI e LCA não é algo simples de “um produto sempre vence outro”. A melhor opção depende de vários fatores: a taxa oferecida, o prazo de investimento, a liquidez, o imposto e o seu próprio perfil de investidor. O fato de LCI e LCA serem isentas de IR confere vantagem para prazos mais curtos ou taxas competitivas. Já o CDB pode se destacar no longo prazo ou quando sua remuneração é significativamente superior ao CDI, mesmo considerando tributação.
Mais importante que saber “qual rende mais em geral” é saber “qual rende mais pra mim” — ou seja, qual se ajusta às suas metas, quanto tempo o dinheiro vai ficar investido e qual nível de risco você está disposto a aceitar. Faça as simulações, compare os rendimentos líquidos, e lembre-se de considerar liquidez e prazos. Assim você consegue aplicar com mais segurança e consciência.

